mortonamata
motociata
Dinovaldo
Gilioli
aurora em Congonhas
pelas mãos do Aleijadinho
fé além do tempo
na menina dos olhos
diamantes iridescentes
em Diamantina
ouro cor de sol
tingindo de luz dourada
ruas de Ouro Preto
rua em Tiradentes
ecos de uma inconfidência
em pedra-sabão
em São João del-Rei
o sagrado e o profano
na rua da igreja
Tchello
d´Barros
por onde andará macunaíma?
nos esgotos das águas do paraíba
nos corpos incinerados na usina
cambaíba
nas ossadas humanas na praia de
manguinhos
ou será que macunaíma
um boi só no curralzinho?
no extermínio de indígenas
nas aldeais amazônicas
no pantanal das queimadas
supersônicas
ou será macunaíma
mais uma bala perdida
no morro jacarezinho?
ê bumba ê ê ê boi
ano que vem mês que foi
ê bumba ê ê é boi
é a mesma dança meu boi
é a mesma dança
nas senzalas nas favelas
no carnaval nas novelas
quem sangra carne não fala
carne seca na janela
tranca rua olhai por mim
urubus nos olhos dela
quem tira a vida não zela
brutalidade jardim
Dia 24 junho - 2022 - 19h
Santa Paciência - Casa Criativa - Rua
Barão de Miracema, 81 - Campos ex-dos Goytacazes-RJ
Fulinaíma MultiProjetos
produção gráfica: Tchello d´Barros
vísceras
humanas dançam
entre igarapés
pela passiva
TV
o beija-flor
a linha d'água
os
restos
de um
país
Delmo Montenegro
"TANKAS? DESORIENTADOS: exercícios de ontem para hoje e para nunca mais."
*
vírus eufórico
evoca o poema íngreme
dobrando-se em arpões.
em névoas escarlates,
à prova de balas – tempo-sonho.
*
cérebros se rompem.
ao desatino cos fuzis
suscitam preâmbulos.
corpo em sangria, impávido
colosso de trópicos matagais!
*
facção hostil –
sirenes da
convicção-intervenção-ambição,
cínica sem candura.
sem perspectiva, sem escrúpulos,
sem índole, prolixa, bizarra!
*
passado sibila em víboras.
presente flameja as trevas.
futuro expurga a luz.
nas rondas da história,
odor acre pelos porões.
*
tempo-carrasco –
ouvem-se palavras trêmulas
no rio raso.
é quando o céu se vê
vasto espaço em vermelho.
*
silêncio de marfim –
entre as palmas das mãos e os pulsos,
penitentes olhares.
sépalas cinzas – país sem pálpebras,
em frágeis noites de junho.
*
fantasmas ciciam
na pele antiga das árvores
um tempo íngreme.
tendões das madrugadas,
coturnos sem polimento.
*
inverno sombrio –
ruas líquidas sem línguas
de vozes-coágulos.
ouve-se o ruído de folhas
macias sobre o concreto.
*
canto
à palidez das nuvens
em espasmos.
posso ouvir-me roendo
os ruídos dos últimos porões.
*
indago
à pele de papel:
musgo de pedra é macio?
olhos suplicantes – índigos,
essa aridez sem fim.
*
alfazema –
mãos carnívoras,
água funda, algas-algemas;
amor amorfo imperfeito,
olhos voltando-se contra si.
*
lua-cárcere.
restos de cadáveres
em sacos pretos.
nesses dias de rostos em rugas,
abutres escolhem lápides.
*
libélula azul.
caída de joelhos no rio
envelhece com olhinhos brandos.
olhos promíscuos desnudos
de cor, ideia, forma e fundo.
*
absorvo o nevoeiro
sobre cruzes de igarapés e rios.
pássaros não gorjeiam mais.
com lâminas oxidadas, cortem minha
língua
e mãos; furem meus olhinhos;
minhas veias suportarão
a dor de devorar
a
treva.
*
by
Ziul Serip, in "Tankas? Desorientados - exercícios
de ontem para hoje e para nunca mais."
imagem: "Emboscada" Andrew
Salgado
Os xamãs do Vale do Javari acolhem o espírito dos animais e da floresta e dão forma a estas mensagens através de cantos.
koin rome owaki
menokovãini
naí koin shavaya
shavá avainita
ave noke pariki
yove mai matoke
koin mai matoke
shokoivoti
flor de tabaco-névoa
caindo e planando
à morada do céu-névoa
vai mesmo voando
assim sempre fomos
na colina terra-espírito
na colina da terra-névoa
há tempos moram
DO AMOR
Deita-me em tua alma,
faz dela (a tua alma) o meu abrigo
estendo-te por inteiro em minha alma
faço dela (a minha alma) o teu aconchego
- somente assim somos amor -
Em dias (ou noites) de tempestade
não tenhas medo que eu te devore
nossos corpos não são animais famintos
tão somente casas efêmeras de guardar-nos
almas sobreviventes ao mundo
- nenhum corpo devora outro corpo em nome do amor -
Não sou tua propriedade
nem me pertences
como poderia eu ser tua onde nem sequer sou minha?
de que modo eu te teria, se desconheço a chave que
te abre de coração inteiro em todos os domínios do tempo?
É preciso que desfaçamos os egos
- sobraremos dois elos que se encontram em almas
completas
: isso sim tem nome de amor -
(Nic
Cardeal, 12.06.2022 - para meu infinito particular)
( ilustração
via Pinterest)
fosse Alana
Clarice
Elisa Clara Beatriz
em tudo que não me disse
em tudo o que não me quis
fosse girassóis
nos cabelos
a flor que Van Gog
me diz
teus olhos
cravados no espelho
o poema
que ainda não fiz
Editora Penalux –
2020
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Fulinaíma
MultiProjetos
www.centrodeartefulinaima.blogspot.com
22 99815-1268 -
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