ou tudo será posto de lado
e na procura da vida
a morte virá na frente
e abrirá caminhos.
É preciso que haja algum respeito,
ao menos um esboço
ou a dignidade humana se afirmará
a machadadas.
Torquato Neto
AntiLírica
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UNS E OUTROS
Depois de agosto
quero uma primavera de andar sobre a relva
há que sobrar uma flor a se abrir em amor
estou farta dessas farpas
em palavras nunca ditas
navalhas afiadas cortando a língua
ao revés da lavra
quero livre a dor
quero leve a cor
tempestades são anunciadas
busco um gesto equilibrista
entre ventos tão revoltos
nesse quase mundo malabarista
deixo solta a asa
- eu briso
no vendaval da vida -
(Nic Cardeal/2020)
quixaba uma palavra estranha
assim como katchup guanabara guaxindiba
guarapari lembra-me índio capixaba
goiaba carne vermelha
teu corpo nu diante do espelho
página do livro onde te grafitei
em couro cru & carne viva
alga marinha nascida em mar de angra
a flor da pele ainda sangra
como último beijo mordido na boca
sem sinal de despedida
Artur Gomes
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o ruído
o ruído é mudo.
ouço o seu silêncio espalhafatoso.
o ruído delira na sua mais infinita
horda de desespero noturno.
tudo o que for espaço
do qual ele não caiba,
ele grita para os moucos,
ele circula no quadrado,
ele busca a inércia dos santos,
ele imerge no mênstruo das virgens.
o ruído gargalha sequioso,
divaga fora do tempo.
Dudu Galisa
Tropicalirismo
Girassóis pousando
Nu – teu corpo festa
beija-flor seresta
poesia fosse
esse sol que emana
do teu fogo farto
lambuzando a uva
de saliva doce
Artur Gomes
Tragédia Brasileira 4
por quê não fui morar na Bahia
quando podia?
hoje não posso
por estar grávida de desejos outros
que desconcertam
a tua van filosofia
Gigi Mocidade
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Desse Fruto
Tem gente por ai vivendo que nem bicho
Fuçando comida na lata do lixo
Tem gente por ai vivendo que nem bicho
Fuçando comida na lata do lixo
Irmã gêmea da loucura
Dos gritos na noite escura
É gente dormindo debaixo do viaduto
E comendo a parte mais podre do fruto
É gente que nem parece que é gente
Mas que a gente sabe que é gente
É gente que nem parece que é gente
Mas que a gente sabe que é gente
Também tem gente por ai vivendo que nem gente
Guardando o seu ouro a unha e dente
Também tem gente por ai vivendo que nem gente
Guardando o seu ouro a unha e dente
Trancando as portas sem saber que na rua
Sangra exposta a ferida sua
É gente engordando por cima do fruto
E atirando a parte mais podre no lixo
No lixo
É gente que até parece que é gente
Mas que a gente sabe que é bicho
É gente que até parece que é gente
Mas que a gente sabe que é bicho
Akira Yamasaki - Edvaldo Santana - Osnofa
s'imbora
hora o tempo me sopra
hora que me devora
então a criança chora
não sabe onde mora
nem sabe se fica
se vai embora
se vive dentro
se fora
sabe
que cresce
tece
e
entardece
como quem veste
de luz
a extrema
hora
Hamilton Faria
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descaminhos
para Rúbia Querubim
quando te procuro
e não encontro
ando tanto tanto tanto
chego a gastar os tutanos
nos descaminhos
desse enredo
mas por enquanto
vou te amar assim
em segredo
Artur Fulinaíma
por onde andará macunaíma?
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Pedra Dourada
em pedra dourada
conheci 8 minas
uma me deixou de quatro
fez de mim gato e sapato
não fosse eu camaleão
quase lagarto
cairia na cilada
agora não se fala mais
agora não se fala nada
Federico Baudelaire
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O poeta é um fingidor
chove aqui dentro
mais do que lá fora
eu tenho pressa
de olhar teus olhos
nesse mar de angra
o pau brasil sangra
enquanto isso
ela passeia no egito
entre templos sagrados
dessas múmias quânticas
me perdoa
o poeta é um fingidor
mas eu não sou Fernando Pessoa
Artur Gomes
por onde andará Macunaíma?
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estou sentindo calafrios
pensando água ardente
de dia é muito frio
mas a noite vai ser quente
Mostra Visual de Poesia Brasileira
Poesia em Movimento – leia mais no blog
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hoje
nesse tempo frio
me perdi de vista
bem na beira mar
quase beira rio
Federika Lispector
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coisa de índio
Afrodite-se-Quiser
para Marisa Vieira e Mano Melo
estava caminhando pelo Rio
exatamente na Visconde de Pira-já
na esquina de Ipanema
batidas no coração
quando avistei Helena
que não era do Rio
deve ter sido assombração
que veio em algum poema
Pastor de Andrade
in - Igreja Universal do Reino de Zeus
https://fulinaimargem.blogspot.com/
vamos que vamos
nesse trem pernambucanas
em terras sorocabanas
revirando a barra das saias
das pedras das águas itabapoanas
Rúbia Querubim
www.fulinaimatupiniquim.blogspot.com
boca do inferno
por mais que te amar
seja uma zorra
eu te confesso amor pagão
não tem de ter perdão pra nós
eu quero mais é teu pudor de dama
despetalando em meus lençóis
no lombo de um macutraia
ou no rabo de uma arraia
viaje de norte a sul
pra visitar em Gargaú
a Biblioteca Bracutaia
Eugênio Mallarmè
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Jura secreta 10
fosse o que eu quisesse
apenas um beijo roubado em tua boca
dentro do poema nada cabe
nem o que sei nem o que não se sabe
e o que não soubesse
do que foi escrito
está cravado em nós
como cicatriz no corte
entre uma palavra e outra
do que não dissesse
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux - 2018
PoÉticas Arturianas
o vento bate aqui toda semana
vento do sul e do norte
vento forte - voa meu barco
me leva até Copacabana
Gigi Mocidade
https://arturfulinaima.blogspot.com/
Navegar é preciso
para Fernando Aguiar
Aqui
redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras descobrimento
espinhas de peixe convento
cabrálias esperas relento
escamas secas no prato
e um cheiro podre no AR
caranguejos explodem
mangues em pólvora
é surreal a nossa realidade
tubarões famintos devoram cadáveres
em nossa sala de jantar
como levar o barco
em meio a essa tempestade
navegar é preciso
mas está dificilíssimo navegar
Artur Gomes
Pátria A(r)mada
Desconcertos Editora - 2022
cacomanga 2
ali nasci
minha infância
era só canaviais
ali mesmo aprendi
conhecer os donos de fazenda
e odiar os generais.
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Dani-se morreale
se ela me pisar nos calos
me cumer o fígado
me botar de quatro
assim como cavalo
galopar meus pelos
devorar as vértebras
Dani-se
se ela me vier de unhas
me lascar os dentes
até sangrar o sexo
me enfiar a faca
apunhalar meus olhos
perfurar meus dedos
Dani-se
se o amor for bruto
até mesmo sádico
neste instante lírico
se comédia ou trágico
quero estar no ato
e Dani-se o fato
deste sangue quente
em tua boca dos infernos
deixa queimar os ossos
e explodir os nossos
poemas físicos pós modernos
Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
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PoÉticas Fulinaímicas
a foto.grafia é quase a mesma
mas não é arturiana
essa é fulinaímica
na geografia sagarana
eu não sou ator de mímica
nem cantor de amazona
a minha cara é muito cínica
sou um poeta bem sacana
Artur Gomes Gumes
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clique no link para V(l)ER
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toda nudez não será castigada
quantos azuis celebram
tua pele pêssego
para que o amor seja
sempre
a fruta que a semente
explode em luz
Federico Baudelaire
https://personasarturianas.blogspot.com/
Todo Dia É Dia D
todos os dias
acendo minhas lamparinas
e meus lampiões
o pavio aceso
afasta as aves de rapina
e o calor das chamas
aquece os corações
Federika Lispector
https://coletivomacunaimadecultura.blogspot.com/
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