sábado, 4 de março de 2023

Teatro do Absurdo

 


Teatro do Absurdo

 

O quarteto da hipotenusa

versus o quadrado do quarteto

da hipotenusa a musa do quadrado

fosse apenas o retrato na fotografia

mas não sendo hipotenusa

somente musa algaravia

uma palavra mais que estrada

sendo musa multi-via

me levou nessa jornada

para fora da Bahia

todos os santos mar aberto

no abismo a fantasia

de querer mus entretanto

muito mais que poesia 


e ela vai pintando

 o homem com a flor na boca

com seus pincéis de aquarela

poema que só é possível

pelas lentes dos olhos dela

 

na balada ou no bolero

nossas letras se entrelaçaram

pele corpo carne sangue pelos

poros entre tintas entre tantos

anos que  foram pintados

sobre papéis de cartas em fogo

sob o sol  chuva verão inverno

quando qualquer das estações

é primavera

 

e ela era uma estudante de arquitetura que pintou poemas no cachorro louco

e desenhou imagens em Brazilírica Pereira : A Traição das Metáforas 


Artur Gomes 

O Homem Com A Flor Na Boca 

https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/


CALEIDOSCÓPIO

O poema algumas vezes
aparece como o céu carrancudo
sem sol, sem lua e sem estrelas
com a cara fechada e pavio curto.

O poema algumas vezes
aparece romântico e suave
leve feito espuma bem macio
voando como pássaro ou aeronave.

O poema algumas vezes
aparece meigo, terno e afetuoso
com sabor de mel na canção
melódico e sereno, com jeito carinhoso.

O poema algumas vezes
entra no jogo chave
joga mal e perde muitos gols
a bola só bate na trave.

O poema algumas vezes
aparece feroz na mensagem
bicho solto como uma pantera
animal rústico fera selvagem.

O poema algumas vezes
aparece na balbúrdia de boca suja
abusado, erótico e sensual
mete o pau na garatuja.

O poema algumas vezes
aparece longo, pesado e bravo
com uma metralhadora na mão
para fazer uma nova nação!



RESTOS DOS SONHOS

Hoje tive um sonho cerrado
de derrubar todos os muros
acordei com a cara e coragem
de inventar outros futuros.

Com a marreta da linguagem
gravada num baú de experiências
nos escombros amontoados do tempo
é arte contra barbárie das violências.

No silêncio barulhento das ruas
atravesso o Rio sem medo/
e naufragar na Baía de Guanabara
e afogar meu poema segredo.

Porque não tem água que mereça
o cuspir a língua de fogo
para incendiar a solidão do tédio/
e secar o fino desejo do corpo.

Guardei o canto de amor no peito
no sussurro de uma caburé de orelha
o resto é pedaços de vida em conceito
como a paixão por uma rosa vermelha.

Sady Bianchin




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