Teatro do Absurdo
O quarteto da hipotenusa
versus o quadrado do quarteto
da hipotenusa a musa do quadrado
fosse apenas o retrato na fotografia
mas não sendo hipotenusa
somente musa algaravia
uma palavra mais que estrada
sendo musa multi-via
me levou nessa jornada
para fora da Bahia
todos os santos mar aberto
no abismo a fantasia
de querer mus entretanto
muito mais que poesia
e ela vai pintando
o homem com a flor na boca
com seus pincéis de aquarela
poema que só é possível
pelas lentes dos olhos dela
na balada ou no bolero
nossas letras se entrelaçaram
pele corpo carne sangue pelos
poros entre tintas entre tantos
anos que foram pintados
sobre papéis de cartas em fogo
sob o sol chuva verão inverno
quando qualquer das estações
é primavera
e ela era uma estudante de arquitetura que pintou poemas no cachorro louco
e desenhou imagens em Brazilírica Pereira : A Traição das Metáforas
Artur Gomes
O Homem Com A Flor Na Boca
https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/
CALEIDOSCÓPIO
O poema algumas vezes
aparece como o céu carrancudo
sem sol, sem lua e sem estrelas
com a cara fechada e pavio curto.
O poema algumas vezes
aparece romântico e suave
leve feito espuma bem macio
voando como pássaro ou aeronave.
O poema algumas vezes
aparece meigo, terno e afetuoso
com sabor de mel na canção
melódico e sereno, com jeito carinhoso.
O poema algumas vezes
entra no jogo chave
joga mal e perde muitos gols
a bola só bate na trave.
O poema algumas vezes
aparece feroz na mensagem
bicho solto como uma pantera
animal rústico fera selvagem.
O poema algumas vezes
aparece na balbúrdia de boca suja
abusado, erótico e sensual
mete o pau na garatuja.
O poema algumas vezes
aparece longo, pesado e bravo
com uma metralhadora na mão
para fazer uma nova nação!
RESTOS DOS SONHOS
Hoje tive um sonho cerrado
de derrubar todos os muros
acordei com a cara e coragem
de inventar outros futuros.
Com a marreta da linguagem
gravada num baú de experiências
nos escombros amontoados do tempo
é arte contra barbárie das violências.
No silêncio barulhento das ruas
atravesso o Rio sem medo/
e naufragar na Baía de Guanabara
e afogar meu poema segredo.
Porque não tem água que mereça
o cuspir a língua de fogo
para incendiar a solidão do tédio/
e secar o fino desejo do corpo.
Guardei o canto de amor no peito
no sussurro de uma caburé de orelha
o resto é pedaços de vida em conceito
como a paixão por uma rosa vermelha.
Sady Bianchin
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