segunda-feira, 5 de agosto de 2024

da nascente a foz : um rio de palavras

a pedra na carne
a carne na pedra
nem tudo o que me fere
                                fedra

 

Federika Bezerra

https://arturgumes.blogspot.com/



sagarânica

 

a palavra sagarânica
tem os seus mistérios 
o significado fica a seu critério

fulinaimicamente
te digo o som dessa palavra
cola as tripas no umbigo

 

Artur Gomes

leia mais no blog

https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/



ofertório

 

todo meu senso

político/social

dedico a ela

no livro que sou

enquanto coisa

sensual metáfora

para os olhos de quem lê

para os sentidos

de quem vê

eu sou matéria argamassa

armadura

permaneço

de pé

encaro o tempo

contra o vento

contra a tirania da mordaça

nada que eu não faça

para ela

minha musa –  amor é cego

dou de graça


*

meu amor
não é  bicho
é um pássaro
afogado no lixo

*
A Mulher Que Come Livros
uma metáfora audaciosa - em um país onde a fome é o resultado da barbárie e os fascistas batem continência para ETs e cantam o hino nacional para pneus de caminhão, clarice mata  sua fome  seus sonhos e desejos comendo livros e me avisa enquanto não tem espelho na parede a gente improvisa 

*

eu estava aqui sozinho em meu cavalo branco  numa manhã de sábado  o sol ardendo a tarde e minhas mãos geladas nos lençóis de lã quando o telefone me tirou da cama e me fez pensar nessa manhã de louco todo mistério é  pouco eu quero essa hortelã na boca eu quero te beijar

fogo fátuo  fato fosse festa

fulinaimagem também fosse

essa minha estrela na testa

   onça maracatu rural

tacape bodoque flecha

essa minha linguagem, complexa

                   onde a vida é vendaval

 

no fundo do poço

 tudo enquanto posso

fissura carnadura ossatura

          sonoridade dos ossos 


                                    *

quando penso clara

a alma do ovo gema

signo intacto

cabe a ela decifrar

são 3 secretos de dante

são 7 sagrados de bar

cada  palavra lavrada

a cada lavra bordada

na costura do mesmo linho

as vezes suor e cerveja

as vezes chuva de vinho

quando penso clara desejo

penetrar o desconhecido

por tudo que tenho parido

por tudo    quero  inventar


da nascente a foz: um rio de palavras

                     poema em construção

nem sei onde mar vai desaguar  em que pá/lavras em que águas medulas algas em que marinhas cais ou mágoas cada palavra tem um que de firmamento cada delírio pode mais que o infinito cada grito muito mais que sacramento o silêncio não me basta em cada ato foto e fato existência sentimento só me tem se acredito 

 

corpo físico espírito

luta corporal formigueiro

salgueiro mangueira portela

escola samba música refavela

lapa cinelândia santo cristo

copacabana ipanema leblon

corcovado redentor  são conrado

ponte niterói baia guanabara

estágio  vertigem alquimia

teatro cinema poesia

jiddu tchello tanussi turiba

telma monica eugenia margarida

angel ricardo ingrid alice

ademir cesar claudinei

gil cetano gal cássia eller

dalila jurema zhôo carolina

adriano joilson alexandre

largo machado glória

catete castelo ocinei

lembranças estados memória

karla gigi mocidade

federika ouro preto vila rica

adriana sady marcela

américa avelima gillioli

fábio simone krihsnamurt

tonho tenório admilson

hamilton florianópolis curitiba

rio mar maresia

barco navio travessia

veredas sagarana ortografia

gramática livro disco harmonia

escrita cidade fotografia

igor dança pensamento

objeto predicado complemento

finalidade velocidade sagaranazes

campos cacomanga coytacazes

vampiro tupiniquim fechamento

reubes fulinaíma ribeiro

frevo xaxado  coco  pandeiro  

torquato geleia leminski

carne sangue fogo pano palha

baudelaire  mallarmè kandisnki

oiticica neville tropicalha

poema portifólio carnavalha

sexo amor virgindade

companheira companheiro virilidade

sarcasmo ironia castidade

padre pátria papa santuário

pornofonia pornografia  santidade

eros dionísio zeus apolo

vênus afrodite áfrica grécia

antropologia mitologia anarquismo

hipismo modernismo olimpia

mil novecentos cinquenta sete

quando ainda pivete

estética seca folha didi

classificação mundial campeonato

futebol gol que só eu vi

cores nomes pronomes objeto predicado 

tribo  indígena capixaba curumim

aldeia goya tacá amopi

serafina severina serafim 

filipe flora sofia isadora

arara iara dandara amora

marina brumadinho minas

mariana isabela irina 

nascente foz correnteza

paraíba ceará fortaleza 

paraíba ceará fortaleza

sergipe piauí pernambuco

eunuco salvador garanhão

acre maranhão tocantins

amazonas pará parintins 

pulga percevejo carrapato

rosa dália margarida alecrim

borboleta  alfazema bem-me-quer

relâmpagos ventania trovoadas

cata-vento rodamoinho tempestade 

sussuarana suassuna surubim

sabará itabira querubim

caipora canadá quixeramobim

andorinha passarada piedade

jardim zoológico tom jobim

drummond carlos  andrade

quixaba quixadá oriticum

gravata gravura gravataí

porta porteira paraty

pintura prateleira paraquedas

pérola parnaíba piabanha

parnaso paraíso piranha

quixaba quixadá oriticum

picanha paraopeba ocurum

ouvido orelha artemanha 

cosme damião doum

 

marajá maracujá murundum

travessão conselheiro  vila nova

olinda recife garanhuns 

tapera ururaí guandu

goiaba graviola guaiamum

bomucado bracutaia brucutu 

curupira caranguejo caramurú

almandrade ilha bela paracatu

germina girafa girassol

arquitetura arquiteto armorial

fogo farra festa futebol

vassourinha frevo carnaval

bola búlica boleto

bárbara bruna polleto     

passeio passeata passarelli

manifesto martinália marielle

ramisson augusto brettas

faustino severino borboletas 

 

tamanduá tremembé tucuruvi

antônio roberto góis cavalcanti kapi 


*


na carne da palavra

         nasce o poema

                entre ossos 

 cataventos

para Tanussi Cardoso  

 

o rio de palavras

segue a todo vapor

tanussi não é barato

trato ás águas com apreço

palavra inventar custa caro

mesmo assim nunca desisto

aqui mesmo dou exemplo

riomimriodedentro

rio que vem de fora morro

lá muito longe

estando aqui muito perto

vivorionocentro

esquerdo de cada esquina

curva de cada peito

tanussi um dia me lembro

um rio assim sagarana

fulinaímaindainvento

o que antes nunca  dito

nas árvores  secas do outono

nas hélices dos cataventos 



 performance

para Luis Turiba

 

na trans-piração

a prova dos nove

onde o poema se comove

no sobrenome do abstrato

bem no  fundo do retrato

as linhas curvas do concreto

nos corredores do mam

que polock lambuzou

no aeroporto  do flamengo

que a dona portinho projetou

o ano não sei ao certo

helena nunca me disse

que sua tia arquiteta

amava  o nome  poeta

que em teus seios mergulhou

ainda hoje admiro

palavras a qualquer preço

signos a qualquer custo

o nome das coisas um susto

como nos desfiles do samba

o complemento

:

adereço 

A filha  do conde

 

filha do conde – a outra

saiu do Irajá pra Madureira

madrugada de sexta-feira

mergulhou na baia do estrangeiro

pensou ser Garota de Ipanena

gritou na porta do cinema

:

“eu sou a outra que Vinícius de Moraes

cantou com Baden Powell

no samba para Ossanha

eu sou estranha

pense o que quiser

não sou Nanã

sou filha de Iansã

um fogo de mulher" .

  

Artur Gomes

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https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/


carnadura

nos anos 90 recebi em um texto de Jommard Muniz de Britto sobre o portifólio CarNAvalha Gumes, a palavra carnadura que ficou dançando em pensamento e como bem diz Igor Fagundes: “pensamento dança. Ela rima com rapadura, formatura, ossatura só não rima com ditadura. É lá no fundo do poço que extraio tudo o quanto posso. Carnadura são fibras das nervuras entre/ossos quando berro alto contra tudo que é desmando no silêncio do desassossego.

 

Artur Gomes

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Zé Limeira a primeira cartilha que estudei na tapera antes da terceira série primária quando me encontrei com Amália embaixo da bananeira quero aprender a nadar na montanha da mina geral pegar a nau pra Portugal ir parar em Blumenau atrás da filha do conde que se afogou no matagal lendo o vampiro catatau que encontrou na geladeira 


convidei alguns amigos, que já tenham lido pelo menos um livro meu para me fazerem duas perguntas sobre o livro Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim, que pretendo lançar em 2025. As perguntas estão chegando cada uma mais instigante  e criativa que a outra. O texto que surgir desses diálogos será publicado como prefácio.

 

Artur Gomes

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