poetas confirmados para particiapações:
Abel Coelho, Alessandro de Paula, Antonio Carlos Pedro, Arnaldo Afonso, Beatriz Helena Ramos do Amaral, Benedito Bergamo, Bety Vidigal, Carolina Montone, Celso de Alencar, Claudio Daniel, Claudio Laureatti, Deolinda Nunes, Deslandi Torres, Dilene Barreto,
Dione Barreto, Elcio Fonseca, Fabiano Fernandes Garcez, Flora Figueiredo, Franklin Valverde, Ieda Estergilza Abreu, Ikaro Max, Joaquim Celso Freire, José Antonio Gonçalves, Junior Belle, Manogon Manoel Gonçalves, Marcelo Brettas, Marlene Araujo, Moreira de Acopiara, Noélia Ribeiro, Renata Magliano Marins, Roberto Bicelli, Rosani Abou Adal, Roza Moncayo, Rubervam Du Nascimento, Sandra Regina, Sergio Ravi Rocha, Shirlene Holanda, Silvia Helena Passarelli
o dia passa
a noite passa
poesia passa
passagem passa
cerveja passa
conhac passa
música passa
poema passa
desejo passa
paisagem passa
vinho passa
a uva passa
a vida passa
a viagem continua
Artur Gomes
leia mais no blog
https://fulinaimagens.blogspot.com/
O Poeta Enquanto Coisa, de Artur Gomes - lançado em 2020 pela Litteralux com prefácio de Igor Fagundes, tem relançamentos dia 3 de dezembro 19h, na Balbúrdia Poética 4, Patuscada, Livraria Café & Bar – Rua Luís Murat, 40 – São Paulo-SP e dia 7 de dezembro no Saralpha - Alpharrabio, Santo André-SP
Artur Gomes – assinatura por vir, heteronímica, heteromórfica – assim apresenta em O poeta enquanto coisa suas juras não mais secretas, mas públicas, ainda púbicas, aos afetos que compõem e decompõem sua literaturavida. Seus versos são rascunhos, rasuras e ranhuras a passar a limpo os nexos e os nervos de sua fatura formal e estilística, deixando sobre a página tanto um rastro de unha quanto o esmalte dos escritos e vozes que em sua alma avultam e nos dedos instauram cutículas.
Fragmento do prefácio de Igor Fagundes, doutor em Letras pela UFRJ, autor os livros Pensamento Dança, Macumbança e do recém lançado Santo.
leia mais no blog
https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/
“hoje não tem fernando pessoa”
Caetano Veloso
in é proibido
proibir – 1968
meu corpo não trafega
nas tabacarias de lisboa
o poema pode ser
um beijo nessa pedra
antes que me fedra
o poema voa
traição grega
helena me deu
um cavalo de pau
me jogou no vento
me pegou em troia
me roubou a jóia
me deixou em trento
libertinagem
tudo entre nós é fresta
antes depois da festa
que ainda nem começou
inútil explicar o poema
o Dedo de Deus
estrela do mar
serra da Mantiqueira
inútil tentar entender a
beleza
do azul/marinho da Portela
o verde/rosa da Mangueira
inútil querer saber de mim
se FlorBela ainda vive
no outro lado da janela
ou nos Retalhos Imortais
do SerAfim
se foi Cândido Portinari
quem pintou as portas de
entrada da favela
ou se foi Rúbia Querubim
Artur Gomes
Itabapoana Pedra Pássaro Poema
leia mais no blog
https://fulinaimagens.blogspot.com/
B
no coração dos boatos
isso aqui não é a hora da estrela, minha mãe não é alice.
que apesar de freira, de hábito, só tinha o vício de me prender por entre o crucifixo colocado entre as suas pernas.
macabea vivia falando sozinha pelos corredores federais da outra inquisição.
conseguia de vez em quando reunir alguns habitantes mal informados sobre a ressurreição das artes aromáticas , e passava o tempo querendo mostrar seus dotes culinários nua e crua.
estuprada pelos estivadores daquele cais do porto tentou arrancar o sexo com as unhas e enlouqueceu uivando como loba amarrada a santa cruz
de uma cabrália velha igrejinha
enquanto na primeira missa
o galo camões bem galinha
chocando o ovo do índio
ou
pero vais que caminha
Artur Gomes
In BraziLírica Pereira : A Traição Das Metáforas - Alpharrabio Edições - 2000
https://braziliricapereira.blogspot.com/
Um rio
Era uma vez…
Um rio
Que de tão vazio,
já não era rio
e nem riachão,
tão pouco riacho.
Não era regato,
nem era arroio,
muito menos corgo.
Era uma vez…
um rio
que, de tanta cheia,
já não era rio
e nem ribeirão.
Era mais que Negro,
era mais que Pomba,
era mais que Pedra,
era mais que Pardo,
era mais que Preto,
bem maior ainda
que um rio grande.
Era uma vez…
um rio
que de tão antigo
era temporário,
era obsequente,
era um rio tapado
e antecedente.
Que não tinha foz,
que não tinha leito,
que não tinha margem
e nem afluente,
tão pouco nascente.
Mas que era um rio.
Não era das Velhas,
não era das Almas,
não era das Mortes.
Era um Paraíba,
era um Paraná,
era um rio parado.
Rio de enchentes,
rio de vazantes,
rio de repentes:
Um rio calado:
Sem Pirá-bandeira,
Sem Piracajara,
Sem Piracanjuba.
Em suas águas
não havia Pira
não havia íba,
não havia jica,
não havia juba.
Nem Pirá-andira,
nem Piraiapeva,
nem Pirarucu.
Era um rio assim:
Sem pirá nenhum.
Mas que era um rio.
Era uma vez….
Um rio.
Que, de tão inerte,
Já não era rio.
Não desaguou no mar,
não desaguou num lago,
nem em outro rio.
É um rio antigo,
que de tão contido
não é natureza.
Um dia foi rio,
há muito é represa.
Antônio Roberto Góis Cavalcanti(Kapi)
foto: Artur Gomes
leia mais no blog