AGORA
NÃO SE FALA MAIS
Agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto é o fim
do seu início:
Agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em sua orla
os pássaros de sempre cantam
nos hospícios.
Você não tem que me dizer
o número de mundo deste mundo
não tem que me mostrar
a outra face
face ao fim de tudo:
só tem que me dizer
o nome da república do fundo
o sim do fim
do fim de tudo
e o tem do tempo vindo:
não tem que me mostrar
a outra mesma face ao outro mundo
(não se fala. não é permitido:
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos.
está vetado qualquer movimento
Torquato Neto
www.fulinaimacentrodearte.blogspot.com
a Arte que me interessa
é sem mordaça
há muito tempo
minha boca do inferno
perdeu sua cabaça
pelo prazer de gozar
e fazer do gozo
a arte do bem viver
Cristina Bezerra
www.fulinaimargem.blogspot.com
poética
ela não conhece
a saliva em minha língua
o sal
o mel
o gosto
entre/pasto
entre/posto
em sua língua
muda cala
por isso appalo seco
em sua fala
Federico Baudelaire
www.personasarturianas.blogspot.com
telefonaram-me
avisando-me que vinhas
na noite uma estrela
ainda brigava
contra a escuridão
na rua sob patas
tombavam homens indefesos
esperei-te 20 anos
até hoje não vieste à minha porta
Artur Gomes
dos livros : Couro Cru & Carne Viva – 1987
e Pátria A(r)MADA – 2019
www.arturgumesfulinaima.blogspot.com
e cala
a cara
abre-se
dentro da
madrugada
desperta
aperta o nó
e segue
alerta
contra o som
de onde não venho
o silêncio
grita entre
a janela e a porta
e no quintal dos fundos
o mundo ronca
sobre tudo
aquilo
que não tenho
Artur Gomes
O
Poeta Enquanto Coisa
Fulinaíma MultiProjetos
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