segunda-feira, 28 de março de 2022

o homem com a flor na boca



Passaporte para uma viagem ao desconhecido

Novo e-Book do poeta Artur Gomes já está na fita, clica baixa gratuitamente e lê:
https://jidduksonline.com.br/ornitorrincobala-arturgomes.../


cacomanga

na roça desde cedo comecei a escavar palavras e separar uma das outras de acordo com o seu significado dar farelo de milho para os porcos e olhadura de cana para o gado aprendi que no terreiro não dependo de mercado e para que urbanidade se a cidade não tem paz com a enxada capinei a liberdade e descobri que ditadura é uma palavra que não cabe nunca mais

 Do livro Pátria A(r)mada

www.arturgumesfulinaima.blogspot.com

Artur Gomes
Fulinaíma MultiProjetos
portalfulinaima@gmail.com
(22)99815-1268 – whatsapp

www.centrodeartefulinaima.blogspot.com




LeminskiAndo em Cena


quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora
quem está por fora
não sustenta um olhar que demora
diante do meu centro
este poema me olha

ali
se Alice ali se visse
quando Alice viu e não disse
se Alice ali se dissesse
quanta palavra veio
e não desce
ali bem ali
dentro da Alice
só Alice com Alice
ali se parece

Paulo Leminski 





Com Os Dentes Cravados Na Memória

Relatório

I

na sala ficaram cacos de pratos
espalhados pelo chão. pedaços do corpo retidos
entre o corredor, após o interrogatório.
um cheiro forte de pólvora e mijo
misturados a dois ou três dias sem banho
depois de feito sexo.
só o fogo da verdade exalando odor e raiva
quando em verde, conspiravam contra nós.

em são cristóvão o gasômetro vomitava
um gás venoso nos pulmões já cancerados
nos quartéis da cavalaria.

II

me lembro.
o sentimento era náuseas, nojo, asco,
quando as botas do carrasco
bateram nos meus ombros com os cascos.

jamais me esquecerei o nome do bandido
escondido atrás dos tanques
e
se chamavam:
Dragões da Independência
e a gente ali na inocência.
comendo estrumes. engolindo em seco
as feridas provocadas por esporas.
aguentando o coice, o cuspe,
e
a própria ira
dos animais de fardas
batendo patas sobre nós.

III

com a carne em postas sobre a mesa,
o couro cru, o coração em desespero,
o sangue fluindo pelos poros, pelos pelos.

eu faço aqui
meditações sobre o presente
re cri ando
meu futuro.
tendo o corpo em cada porta
e a cara em cada furo.

tentando só/erguer
as condições pra ser humano
visto que tornou-se urbano
e re-par-tiu
se
em mil pedaços
visto que do sobre-humano
restou cabeça, pés, e braços.

Artur Gomes
Couro Cru & Carne Viva – 1987
O Poeta Enquanto Coisa

www.secretasjuras.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sarau Campos VeraCidade

Sarau Campos VeraCidade   Dia 15 de Março 19h - Palácio da Cultura - música teatro poesia   mesa de bate-papo :um olhar sobre a cidade no qu...