domingo, 5 de fevereiro de 2023

no coração dos boatos


Poética

para Rachell Rosa

 

Clarice mora no silêncio
vive em entre/linhas
fala monossílabas
quando toca as entre/minhas

come as Juras Secretas
como fossem chocolates
morde o líquido das delícias 
ao entrar em sintonia
em cada letra que namora

Clarice a mulher que come livros
Isadora a que devora

 

                         Federika Lispector

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

www.secretasjuras.blogspot.com




Dani-se morreale

 

se ela me pisar nos calos
me cumer o fígado
me botar de quatro
assim como cavalo
galopar meus pelos
devorar as vértebras
Dani-se

 

se ela me vier de unhas
me lascar os dentes
até sangrar o sexo
me enfiar a faca
apunhalar meus olhos
perfurar meus dedos
Dani-se

 

se o amor for bruto
até mesmo sádico
neste instante lírico
se comédia ou trágico
quero estar no ato
e Dani-se o fato
deste sangue quente
em tua boca dos infernos
deixa queimar os ossos
e explodir os nossos
poemas físicos pós modernos

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/


 


Para Rúbia Querubim

 

tudo enquanto verso

tudo enquanto rima

a pele rara da menina

lança perfume parafina

no carnaval lança confete

perfume do bom é serpentina

 

Artur Gomes Fulinaíma

https://braziliricapereira.blogspot.com/



dia d

,
furai
a pele das partículas dos poemas
viemos das gerações neoabstratas
assistindo a belos filmes de Godart
inertes em películas de Truffaut
bebendo apocalipses de Fellini
em tropicâncer genocidas de terror

sangrai a tela realista dos cinemas
na pele experimental do caos urbano,
tragai
Dali pele entre/ossos
Glauber rugindo enTridentes
na língua do veneno o gozo das serpentes
nos frascos insensíveis de isopor

,
caímos no poder do vil orgânico
entramos no curral dos artefatos
na porta de entrada os artifícios
na jaula sem saída os mesmos pratos

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

https://arturkabrunco.blogspot.com/



Bolero Blue


beber
desse conhac em tua boca
para matar a febre
nas entranhas entredentes
indecente
é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é
que a fome desse beijo
furta qualquer palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com


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