sábado, 17 de agosto de 2024

rio em pele feminina

ela continua sendo

tudo o que não sei

a mulher que eu quis

             mas não amei

                       *

vamos comer vintedois

cem anus depois

é ela que  eu  quero

no teatro na música

no poema no cinema

revirando a tropicalha

no fio da carNavalha 


Jura secreta 27

 rio em pele feminina 

o rio com seus mistérios 

molha meu cio em silêncio

 desejo o que nos separa 

 a boca em quantos minutos 

as flores soltas na fala 

o pó dos ossos dos anos

 

 você me diz não ter pressa 

 seus olhos fogo na sala 

o beijo um lance de dados 
cuidado cuidado cuidado 

que sou um anjo de fadas

 não beije assim meus segredos 

 

meus olhos faróis nos riachos 

 meus braços dois afluentes 

pedaços do corpo do rio 

meus seios ilhas caladas 

das chamas não conhece o pavio 


 se você me traz para o cio 

assim que o sexo aflora 
esta palavra apavora 

 o beijo dado mais cedo 

quebra meu ser no espelho

  meu cerne é carne de vidro 

na profissão dos enredos 

quanto mais água me sinto 
presa ao lençol dos seus dedos

 

 o rio retrata meu centro 

 na solidão de mim mesma 

 segundo a segundo nas águas 

lá onde o sol é vazante 
lá onde a lua é enchente 
lá onde o rio é estrada 

onde coloca seus versos 
me encontro peixe e mais nada

 

Artur Gomes

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https://braziliricapereira.blogspot.com/


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