o último goytacá
quando te tocar
é para alvoroçar os teus cabelos
eriçar teus pelos
molhar os teus mamilos de saliva
com essa língua viva
aqui na minha boca
o último goytacá
coisa muito louca
feiticeiro – resistente
mastiga os mamilos da musa
armado de poesia até os dentes
Agro
Negócio
em nome da produção de alimentos
os assassinos do planeta
matam em nome de deus
se travestem em salvadores da pátria
qualquer palavra eu invento
na carnadura dos ossos
na escriDura do éter
na concretude do vento
na engrenagem da sílaba
vocabulário onde posso
dar nome próprio ao veneno
que tem o Agro Negócio
sendo a dor o que me resta
do pulmão desta floresta
só me cabe erguer o grito
com a gana dos aflitos
antes que a morte faça festa
sagaraNAgem
a engrenagem
desta vez mais funda
onde nervo/osso
se encontra lá no fundo
cada vez mais poço
quem tem sangue na veia
nem guaiamum nem caranguejo
mas também sente essa dor
na salivado desejo
em tua língua meu amor
e que a lama desse mangue
possa parir alguma flor
projeto
foto poesia
FULINAÍMA MultiProjetos
Artur
Gomes - poesia fotografia
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a traição das metáforas
pássaro sem teto acima do delírio
coração de porco crava no oco da noite
a faca cega punhas de cinco estrelas
na constelação do cão maior
sob as pedras a água escorre
cada vez mais longe de mim
as vezes pergunto sim
as vezes respondo não
qual o sentido da folha
despetalada no chão?
áfrica sou raíz & raça
orgia pagã na pele do poema
um feixe de luz
contra a parede das ruínas
nos seios deste terra eu vi
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o que vem do mar
os búzios não mentem jamais
no que vem do mar além de mim
em seus mistérios muito mais
o que vem do mar é salgado
o que vem do mar é sagrado
o que vem do mar eu não vendo
o que vem do mar não revendo
o que vem do mar eu não falo
o que vem do mar não empresto
o que vem do mar é meu falo
posso jurar que não presto
o que vem do mar que já fui
o que vem do mar o que sou
o que vem do mar me reflui
o que vem do mar eu te dou
Federika Lispector
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Amanhã 30/08 - 2024 – é Nós em nome da Poesia dos cachorros loucos
nasci em agosto
a contragosto
pai não me disse
mãe também
o preço da vida
o remédio pra ferida
o custo em cada missa
pra dizer amém
Artur Gomes
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Irina ontem me perguntou se eu estava bem. Em relação a segunda sim, acho que o ofício de poeta me refaz. Enquanto isso Irina vem e vai como uma rima levada pelo vento sem tempo de captar
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Mais perguntas chegando sobre o livro Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim. Desta vez da minha querida amiga Eugenia Henriques e me remetem outras possíveis facetas do Vampiro que eu mesmo não tinha ainda atentado pra elas. Como o livro é escrito por 12 personagens a resposta para Eugenia pode ser verdadeiramente positiva, ou pelo menos estar presente nas entrelinhas das metáforas.
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Apesar da saúde da máquina corporal meio baqueada vamos chegando aos 7.6. Com 51 deles dedicados a poesia, jornada iniciada em 1973 com o lançamento do livro Um Instante No Meu Cérebro, livro com poemas dedicados aos ídolos musicais da época e a máquina linotipo, na Oficina de Artes Gráficas da Escola Técnica Federal de Campos, onde trabalhei de 1968 a 1985.
Ofício de Poeta
franzir a noite
é o mesmo que bordar o dia
costuro o tempo
com linha de pescar
moinhos de vento
entre o franzir e o bordado
escrevo um desenredo
e vou foto.grafando
filmando poesia
na solidão dos meus brinquedos
Artur Gomes
O Homem Com A Flor Na Boca
Editora Penalux - 2023
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fotografia
meu olho gótico TVendo
em mar de fogo e maresia
Artur
Gomes
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foto grafia
na veia
netuno perdeu seu sapato
na areia
Artur
Gomes
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fotografia
a arte de transformar o tempo
em poesia
Artur
Gomes
Foto: may pasquetti
Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves-RS -outubro 2015 leia mais no blog
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porque
hoje é sábado
há um traficante de armas
travestido de deputado
porque hoje é
sábado
há um jesus no asfalto esquartejado
porque hoje é sábado
há um deus negro
no quartel ensanguentado
porque hoje é sábado
há um bordel na praça dos 3 poderes
no planalto disfarçado
porque hoje é sábado
há um lance livre
na quitanda do mercado
porque hoje é sábado
há um beijo na boca
do amor desesperado
porque hoje é sábado
há um bacanal no barraco
do templo alado
porque hoje é sábado
na casa dos fundos dormem
as cafetinas do senado
porque hoje é sábado
Artur Gomes
poema em construção
fotografia
um grito parado no Ar
a arte de colocar azul
onde
não há
um olhar ligeiro
na hora de enxergar o meio
e
querer inteiro
Artur
Gomes
fotografia feita na praia de Guaxindiba - São Francisco de
Itabapoana-RJ - 5 maio – 2018
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reformar recriar
revisitar
ontem fiz uma postagem sobre os 7 anos da perda de Belchior para
a cena cultural do país. Assisti no Canal Brasil o programa sobre a trilogia re de Gilberto Gil, com foco sobre os discos: Refazenda, Refavela, Realce,
onde ele fala da necessidade de reformar recriar revisitar.
https://www.youtube.com/watch?v=K3d_9TkZkcU
E no Roda Viva retrô de 1991, Gil é entrevistado por um grupo
de jornalistas, que dialogam sobre as questões verdes, no meio ambiente, e suas
visões políticas holísticas, cosmopolitas.
https://www.youtube.com/watch?v=M93WYLtuwSo
Hoje vi em um dos meus grupos no zap o comentário do Luis Turiba:
“Viva
Belchior
Porque
hoje é sábado”
E me remete ao emblemático poema de Vinícius de Moraes que invadiu
os palcos do Brasil lá pelos idos dos anos 70. Revisitar este poema e recriá-lo
é um dos meus desafios do momento.
Artur
Gomes
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