das letras quero tudo da palavra arranco gesto jiddu não me
ensinou a mímica das metáforas ficou tudo suspenso cavalo solto no espaço pra quem
quiser galopar
*
laranja cósmica
em são francisco de itabapoana não tem laranja
cravo poukan ou mexerica como meus intestinos não vivem mais sem bagaço de laranja estou importando
laranja do cosmo com minha astronômica luneta descobri fartura de laranjas em
marte vênus plutão e o irônico é que em são francisco do itabapoana só tem
laranjas nos telhados não tem laranjas no chão
Federico Baudelaire
Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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*
couro cru & carne viva
adriano
moura no prefácio de o homem com a flor na boca foca na obra do “bardo da cacomanga” sua poética política e memória. volto um pouco
lá atrás ao ano de 1987, para dizer que na obra desse “trovador contemporâneo”
sua liberdade criativa provoca, afronta regras, desconstrói linguagens. bota a carnavalha
na cara da “louca das minas”, que em seu
surto delirante invade o palco da teatro francisco nunes em belo horizonte e
grita que: “liberdade não é libertinagem”. sereno e imperativo o serAfim com a “flor
na boca” contua a desfolhar sua bandeira no outro lado do palco na tela:
“no
centro do universo te mando um beijo ó amada enquanto arranco uma espada do meu peito varonil espanto todas estrelas
dos beijos do eternamente pra que acorde
toda esta gente deste vasto céu de anil pois enquanto dorme o gigante esplêndido
sono profundo não vê que do outro mundo robôs que enrabam ó mãe gentil!
Engels La
Puente – do black ryver jardiNÓpolis Batatais
8
setembro – 2024
*
geleia geral
poema para ser cantado/falado nos saraus dos
bares por esse brazyl que a tantas eras explode pelos ares
“é preciso estar atento e
forte
não temos tempo de temer a
morte”
Caetano Veloso
Gilberto Gil cantou
:
começou a circular
o expresso 2 2 2
que parte direto de bonsucesso
pra depois
o tempo rei
aponta a flecha
estica a lança
o velho deus mu dança
subo nesse palco
minha alma cheira talco
como bumbum de bebê
o deus justiça
rola o lance
nos dados sempre seis
poesia não cai do céu
é blues rasgado da carne
para o branco do papel
com um grito de alerta
:
sou o punk da periferia
sou da freguesia do ó
ó aqui pra vocês!
Artur
Gomes
Itabapoana Pedra Pássaro Poema
fico nu
o poema muda de cor
tem outros planos
muda a flor
dos meus enganos
pássaro no ar
feito urubu
mitologia fulinaimânica
explicitamente picasso nunca nos disse guernica o que signi-fica o corpo do fonema aliterações alisam a orelha de van gog fartura farta fogo farra festa federico baudelaire tocando fado pras fadinhas de vênus falarem com a fênix do farol de alexandria enquanto freud nem fode nem explica o que aconteceu na sexta feira no luau das laranjeiras depois que federika furtou a farinha do desejo de toda família do império das bananas no largo do machado infeliz das oliveiras
Irina Serafina
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mitologia
fulinaimânica 2
cubismo é um objeto estranho
encontrado por uma sereia
nos lençóis do maranhão
em noite d e lua cheia
teria vindo do mar
ou foi criado ali mesmo
naquele chão de areia
onde nenhum rabo de arraia
resistiu a ventania
não pense filme de terror
porque já tem gente por aí
dizendo que este samba é pra você
ó meu amor!
e que eu só escrevo putaria
Pastor de
Andrade
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mitologia
sagarânica
salvador alisa os bigodes de dali macabea ensandecida morre
ali mesmo em sucupira no presídio federal de brazilírica porcina mete a língua
na faca de lorca as unhas sujas de irina corta morangos mofados na fruteira odorico ordena zeca diabo a organizar o enterro das
camélias diadorim sopra o cano da garrucha pendurada em seu olho esquerdo sagarânica em
polvorosa comemora mais uma noite de são joão
EuGênio
Mallarmè
In Itabapoana Pedra Pássaro Poema
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mitologia sagarínica
macabea a rainha das artes cínicas insatisfeita com o rumo dos canaviais aliciara presidiários a saltarem os muros do presídio
federal de brazilírica federico o
carcereiro desconfiou da facada que levaria pelas costas mas o matuto astuto como
era invocou nossa senhora das cabeças tortas e rezou uma ladainha com os
caramurus dos serAfins convocando eros e vênus para o banquete pornolírico com
as descendentes de olivácio e gigi remexendo seus colírios que trouxera atrás
dos braços deposita sua iansã por sobre a mesa e despacha macabea pro espaço
Federika Bezerra
mitologia
brazilianas
breton mastigava poemas de baudelaire
no jantar da quinta da boa vista dois anos depois da independência d pedro não conseguiu
engolir abapuru no quartel da realeza leopoldina
perambulava distraída e preocupada com
as cartas de bonifácio recebeu notícias que em pernambuco havia chegado um ser
estranho pintado em cores assombrosas perturbava a calmaria daquele estado de incertezas
para os caminhos da imperatriz uma sombra pairava sobre as chaves do seu guarda-roupa sem saber ao menos
com que roupa iria desfilar no dia de são cristóvão na confeitaria colombo a sua afrodite de vênus
Federika
Lispector
mitologia
serafínica
irina estava vestida de beatriz primeira posava para mais um
clássico do surrealismo de magrite no quarto preparava a cama para a chegada de
wermer a alta temperatura do verão de sorocaba alterou a visão pictórica do pintor da menina dos
brincos de pérola que no jardim enfiava o pincel por entre a espessa barba
esperando a primavera lady gumes apressada como sempre se aproveitou da cama e
vive uma calorosa noite de amor sem mesmo querer saber quem era a serafina
debaixo dos lençóis maranhenses
Pastor de
Andrade
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